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Políticas de emergência, com barulhos de sirene para conseguir passar. Era assim no passado. E continua. Em 1º de outubro de 1981, por exemplo, os jornais estampavam as boas novas. João Baptista Figueiredo, mais um dos presidentes emocionados com o Nordeste, liberava 5,1 bilhões de cruzeiros, R$ 386,7 milhões em valores atuais, para combater os efeitos da seca. Na época, os recursos chegaram à região por meio da Sudene como uma dádiva dos céus. Agora, o milagre se repete, depois de pressões políticas. Na última sexta-feira, Dilma Rousseff anunciou um reforço de R$ 1,8 bilhão para programas de água em reunião com o Conselho da Sudene, sendo a maior parte para barragens e adutoras. Contudo, a meta mais importante para a população ainda está longe de ser atingida: a construção de um milhão de cisternas. Coordenadora da Asa Brasil em Pernambuco, instituição que reúne 600 entidades civis do semiárido, Neilda Pereira explica que a solução mais adequada para a região é a construção de cisternas rurais. Ela diz que já foram feitas 500 mil em parceria com o governo federal, mas lembra que o programa precisa ser agilizado. Segundo outros especialistas entrevistados pelo Diario, há uma semelhança e uma diferença entre a seca de 2012 e as outras estiagens mais prolongadas do passado – entre as décadas de 1970 e 1980. O pesquisador João Suassuna, da Fundação Joaquim Nabuco, explica: a exemplo de períodos anteriores sem chuva, o deste ano tinha sido previsto pelo Centro Aéreo Especial de São José dos Campos, que estuda o tema desde 1978. “Era previsível e ninguém tomou nenhuma medida estruturadora”, reclamou. Ainda de acordo com ele, a diferença é ausência de saques a supermercados e mortes de pessoas em virtude da fome. Para a socióloga e doutora em economia Tânia Bacelar, o maior avanço foi a redução da fome a partir da ampliação da previdência para o meio rural, desde a Constituição de 1988, e programas sociais como Bolsa Família. “Antes, havia a criação de frentes de emergências de emprego, saques a supermercados, muita fome. Hoje, não há mais a fome epidêmica, como dizia Josué de Castro”. (Aline Moura) Saiba mais A seca de 2012 O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) avalia que a posição dos reservatórios no mês de outubro passado foi o pior dos últimos 83 anos. A capacidade dos reservatórios do Nordeste era de 32,58% na última sexta-feira, 9 de novembro, segundo o ONS. A seca mais prolongada aconteceu entre 1979 e 1984. A de 1970 também está entre as piores do Nordeste. A diferença entre as secas de antigamente e a de hoje são menos mortes de pessoas por fome, ausência de saques a supermercados. Nem governo, nem ONGs tem dados comparativos. Mais de 20% dos municípios do semiárido estão em estado de emergência. Ao todo são 1.187, sendo 111 em Pernambuco. O estado mais afetado é o da Bahia, com 250 municípios em situação de emergência e 2.7 mil pessoas afetadas. O ranking da seca é seguido pelo Ceará e Pernambuco, respectivamente com 1,9 mil e 1,1 mil pessoas atingidas. Até outubro, foram pagos R$ 251,8 milhões do Bolsa-Estiagem pelo governo federal. Pernambuco recebeu 27.370.240,00, o terceiro do ranking. O Garantia-Safra investiu R$ 473,4 milhões até outubro. Os pernambucanos receberam R$ 69,8 milhões. Fonte: ONS e Ministério da Integração Nacional |
Sindicato dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares de Angicos - RN
segunda-feira, 12 de novembro de 2012
Raras diferenças entre as estiagens
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