quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

TO PELA REFORMA AGRÁRIA CONQUISTA APOIO DE DEPUTADOS E MARCA UNIDADE ENTRE OS MOVIMENTOS SOCIAIS DO CAMPO

As organizações sociais do campo (APIB, Cáritas, CIMI, CPT, CONTAG, Fetraf, MAB, MCP, MMC, MPA, MST e Via Campesina) promoveram um Ato pela Reforma Agrária na Câmara dos Deputados, na tarde desta terça-feira (28), onde entregaram aos parlamentares um manifesto que cobra a realização da reforma agrária e da implantação do desenvolvimento sustentável e solidário. Neste documento, também denunciam os impactos negativos do modelo de desenvolvimento hegemônico implantado no campo, com apoio do governo.
A mesa foi composta pelo secretário de Política Agrária da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG), Willian Clementino, pela coordenadora geral da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf), Elisângela dos Santos Araújo, por Válter Israel da Silva, da Via Campesina, e por Paulinho da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB). O dirigente da CONTAG destacou que a unidade dos movimentos sociais do campo é uma decisão madura e sábia. “O que nos une é a pauta da reforma agrária ampla e massiva e que deve estar inserida no centro da agenda política do governo federal. Além disso, essa não é só uma agenda de interesse do campo, mas de todo o país, pois produzimos alimentos e somos fundamentais na promoção do desenvolvimento rural sustentável”, justifica.
Em seguida, a líder da Fetraf lembrou que o diálogo sobre a necessidade de construir esse processo unitário de enfrentamento vem sendo construído a algum tempo, e tem como um dos resultados a deliberação sobre os quatro eixos centrais propostos pelas organizações sociais do campo no documento entregue aos parlamentares. Afirmou, ainda, que espera contar com o apoio do governo e de setores da sociedade se somando às organizações do campo na luta por um país mais justo e igualitário.
Já Válter, afirmou que o Ato na Câmara é fruto do amadurecimento das organizações sociais do campo. “Este é um momento histórico para a luta do campo, onde construímos um processo político que nos permite abrir mão de questões individuais para defendermos pontos comuns e unificadores. Com certeza, estamos colocando a luta camponesa em um novo patamar”, comemora.
Por fim, o representante da APIB valorizou esse momento histórico da junção de forças dos movimentos. Está evidente que a luta no campo não se dará só na reforma agrária, mas também junto aos povos indígenas, quilombolas e populações tradicionais que estão gravemente ameaçados pela onda neodesenvolvimentista e do agronegócio.
Apoio dos deputados – Os parlamentares presentes fizeram considerações à pauta conjunta construída pelas organizações sociais do campo. O deputado Assis do Couto (PT-PR), por exemplo, enalteceu a iniciativa das entidades, principalmente pelo esforço para a construção da unidade. Já o Deputado Dr. Rosinha (PT-PR), disse que essa união em torno de uma mesma pauta é extremamente importante, principalmente para avançar em questões dominadas pela elite brasileira, como no caso das demarcações de terras indígenas.
O deputado federal Marcon (PT-RS) manifestou satisfação com o manifesto. “Até que enfim os nossos movimentos conseguem tomar um caminho unitário para avançar nas políticas estruturantes para o campo. Estamos vendo o agronegócio avançando para as terras indígenas e quilombolas e somente a Reforma Agrária não anda”, reforça o parlamentar.
O documento construído pelas entidades traz quatro eixos centrais, que são: Reforma Agrária ampla e de qualidade e garantia dos direitos territoriais dos povos indígenas e quilombolas e comunidades tradicionais; Desenvolvimento rural com distribuição de renda e riqueza e o fim das desigualdades; Produção e acesso a alimentos saudáveis e conservação ambiental; e Garantia e ampliação de direitos sociais e culturais.
Segundo Willian Clementino, esse processo foi construído ao longo de várias reuniões e debates, o que trouxe elementos suficientes e ricos para a construção de uma unidade na diversidade dos movimentos sociais. “O sentimento que eu tenho é que os parlamentares presentes demonstraram uma grande sensibilidade ao manifestar um apoio extremamente importante para nós dos movimentos sociais, bem como os representantes do governo federal.” O dirigente completa que o próximo passo será a construção das pautas específicas das organizações, como a do Grito da Terra, Jornadas da Agricultura Familiar e do Abril Vermelho, que deverão contar com os pontos centrais pautados pelos movimentos sociais, para serem negociados com o governo. “O resultado dessas negociações é que dará o tom do que vamos fazer no segundo semestre desse ano. O importante é que os movimentos sociais não irão parar. Este não é um momento apenas de publicidade sobre a nossa unidade. É o início de uma luta que será processual e sistemática na cobrança de políticas públicas para o campo, especialmente Reforma Agrária”, adianta Willian.
Clique no link abaixo para ler o manifesto completo entregue aos parlamentares.

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