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“O agricultor isolado fica mais fraco e desassistido pelos programas e políticas públicas. A alternativa para nós agricultores é estarmos reunidos em associações e, em especial, em cooperativas. O sistema do cooperativismo é o que vem mais para próximo para realidade do agricultor”, defende o diretor-tesoureiro da Grande Sertão, Wagner Santos. Sediada no município de Montes Claros, a Grande Sertão garante a segurança e soberania alimentar de cerca de 1,5 mil famílias agricultoras de 26 municípios do norte de Minas Gerais. A cooperativa produz, beneficia e comercializa produtos típicos da região, garantindo geração de renda e distribuição de alimentos saudáveis para diversas regiões do país. A cooperativa surgiu em 2003. Mas a história que resultou na Grande Sertão está caminhando para duas décadas de existência. Desde 1995, um grupo de famílias agricultoras realizava reuniões para tentar solucionar o problema do desperdício de frutas. Apesar do grande volume na produção, as famílias tinham dificuldades para beneficiar e comercializar os produtos. A Grande Sertão possui 186 sócios e sempre foi gerida por representantes da agricultura familiar e populações tradicionais. O trabalho da cooperativa está baseado nos princípios da agroecologia. O principal produto comercializado é a polpa de fruta. Em média, por ano, são processadas 450 toneladas de frutas, rendendo cerca de 200 toneladas de polpa. Os cooperados garantem ainda geração de renda através da comercialização de rapadura, mel, fava e produtos hortifrutigranjeiros. Alimentar o mundo - O exemplo da Grande Sertão confirma a publicação da FAO para o Dia Mundial da Alimentação deste ano. O documento “Cooperativas Agrícolas que Alimentam o Mundo” ressalta a importância e responsabilidade da coletividade agrícola para alimentar nove bilhões de pessoas em 2050. Diante das expectativas mundiais, a FAO relaciona alguns desafios para aprimorar e ampliar a atuação de cooperativas, organizações de produtores e demais organizações rurais. A FAO registra que, entre 2007 e 2008, aconteceram aumentos de 74% no preço do milho 166% no de arroz. Apesar da alteração, os pequenos produtores não tiveram aumento no rendimento, o que evidencia a distância deles do mercado nacional e internacional. A considerável importância do pequeno agricultor na cadeia produtiva mundial ainda não é reconhecida, principalmente quando estão atuando de forma isolada. “A cooperativa tem escala para trabalhar com o mercado e propor preços. Até no processo legal é mais fácil porque vamos ter uma única estrutura. Na individualidade, é muito difícil um agricultor legalizar uma indústria”, analisa Wagner Santos. As proposições da FAO alertam ainda para a importância do sentido coletivo no ambiente externo da instituição. Um importante fator de sucesso das cooperativas é a criação de alianças. Ao longo dos anos, a Grande Sertão contou com a assessoria do Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA) para negociações e conquistas políticas. “Somos filiados a várias outras organizações. Um exemplo é a Cooperativa Sem Fronteiras, que tem sede em Costa Rica. No Brasil, somos filiados a Unicafes [União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e da Economia Solidária]. Tem também a Unicafes Minas. Outro exemplo importante é o da relação com a ASA [Articulação no Semi-Árido] que está próxima da realidade dos sertanejos, além de discutir, executar e propor políticas públicas”, explica Wagner Santos. 8º EnconASA - A troca de experiência é um fator importante para a superação das dificuldades técnicas e administrativas da Grande Sertão. O planejamento da cooperativa prevê visitas de experiências e realização de consultorias com outras cooperativas, como uma ação institucional. A oitava edição do Encontro Nacional da Articulação no Semi-Árido (VIII EnconASA), que será realizado de 19 a 23 de novembro, faz parte da agenda da Grande Sertão para ampliar e oferecer conhecimentos. “Para o EnconASA, a nossa expectativa é de fazer uma troca de experiências no campo da gestão, produção, e principalmente nos campos das tecnologias alternativas de beneficiamento dos produtos. Para termos uma ideia, as indústrias de equipamentos nunca pensaram em atender as demandas da agricultura familiar neste assunto. Todas as demandas são pensadas para grande escala. A gente vai para lá [cidade de Januária, em Minas Gerais] para conversar com outros empreendimentos que atuam nesta questão”, frisou Wagner Santos. |
Sindicato dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares de Angicos - RN
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
Cooperativa agrícola colabora para a erradicação da fome, afirma FAO
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