Animação contagiante e resgate histórico marcam segundo dia de encontro

A história do Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (MSTTR) começou pela ação dos jovens. O tempo passou e a juventude passou a ter de lutar por sua inclusão. Foi só a partir do Projeto Alternativo de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (PADRSS) que o tema ganhou repercussão e, hoje, o tema é retomado na Plenária da Juventude Rural da CONTAG (15 a 17 de outubro, em Luziania – GO). Nesse segundo dia de atividades da plenária, uma Roda de Conversa fez o resgate da história de organização da juventude no Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (MSTTR), através de um bate-papo com Francisco Urbano (ex-presidente da CONTAG); Wellington Santos (ex-secretário de Jovens da FETAG BA) e Maria Elenice Anastácio, atual secretária de Jovens da CONTAG. Na ocasião, as deliberações congressistas foram resgatadas, a exemplo do ano de 1999, quando os dirigentes sindicais deliberaram pela constituição da coordenação de jovens em todas as instâncias do MSTTR. Nessa retrospectiva, vale lembrar que no ano de 2001 a CONTAG elegeu sua primeira coordenadora de jovens e também optou pela criação do Programa Jovem Saber, além da definição da faixa etária de 16 a 32 anos para esse público, a inclusão dos jovens como associados e para que as políticas públicas específicas fossem trabalhadas para esse universo. 2005 foi o ano da cota de 25% de participação dos jovens no movimento sindical e pela realização dos Festivais da Juventude. “Tudo isso só foi possível graças à Comissão existente, articulada estadualmente e incidindo na criação de políticas públicas específicas para a juventude do campo”, lembra a secretária de Jovens Trabalhadores (as) Rurais da CONTAG, Elenice Anastácio. Urbano fez um recorte crítico sobre a origem e construção do movimento sindical jovem e como a juventude foi estimulada pela igreja e pelo partido comunista, falando sobre suas dificuldades como assalariado rural e militante diante de sua família e da sociedade. “Antes de acreditar nas pessoas, devemos acreditar em nós mesmos”, orienta Urbano, numa alusão ao protagonismo da juventude do campo. “Fiquei muito feliz na abertura dessa plenária, ao ouvir a intervenção qualificada dos jovens nos debates”, analisa. As duas centrais sindicais: Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB) abordaram a relação capital versus trabalho, a luta de classes, o voto consciente e o monitoramento crítico dos mandatos dos eleitos, a democracia no mundo e sua relação com a participação popular e o papel da juventude na garantia das conquistas dos jovens nos regimes democráticos. Os representantes das centrais também falaram sobre os impactos locais do que acontece no mundo, estimulando os jovens participantes a ocuparem espaços além do movimento sindical, exemplificando os casos de Carlos Veras, eleito presidente da CUT e Juliana Matias, eleita secretária de Jovens da CTB, além dos vários candidatos a vereadores em diversos municípios do país, alguns deles presentes na plenária. “As conquistas que obtivemos só foram possíveis graças às ações afirmativas que o movimento sindical está construindo, a exemplo da política de cotas (mulheres, jovens e renovação) e da formação política, que têm sido fortes instrumentos para a entrada da juventude e sua condução política nas direções do MSTTR”, analisa Elenice, destacando que o Programa Jovem Saber é a porta de entrada da juventude no movimento sindical e que as direções são responsáveis pelo cumprimento dessas deliberações “para que façamos um movimento sindical com jovens no campo com vida digna, vivo, forte, renovado e de luta”, convoca. No momento de interação geral, o público jovem deu seu testemunho sobre as mudanças de vida em suas realidades a partir da articulação com a política nacional da juventude, na condição de associado ou dirigente do MSTTR. Após a roda de conversa, os jovens do campo puderam também discutir a Juventude Rural, Participação e Democracia, com os conferencistas Juraci Souto (secretário de Formação e Organização da CONTAG), falando sobre as ações de formação da ENFOC (Escola Nacional de Formação da CONTAG); Alfredo Santana Jr (secretário de Jovens da CUT); Paulo Vinicius (secretário de Jovens da CTB); Rodolfo dos Anjos, eleito aos 23 anos prefeito de Monte das Gameleiras (RN) e Maria Elenice Anastácio, da CONTAG. A secretária de jovens da confederação fez um resgate histórico da participação da juventude no MSTTR, lembrando que ela mesma ingressou no movimento sindical aos 16 anos de idade, ressaltando a importância de não se perder de vista a perspectiva histórica, nem a dimensão de tempo e de espaço na militância: “Não podemos nos esquecer de onde viemos, onde estamos e, principalmente, para onde vamos”, afirma. Ela registra que o movimento sindical foi fundado por jovens. “O primeiro presidente da federação de trabalhadores do Rio Grande do Norte, por exemplo, foi um jovem de 19 anos (José Rodrigues) e, aos 31 anos, Francisco Urbano foi eleito presidente da CONTAG”, destacou Elenice. Nesse bloco, até a galerinha da creche (especialmente montada para a plenária) deu o seu recado, cantando. Os debates foram mediados por Willian Clementino, secretário de Política Agrária da CONTAG. À tarde, os participantes da Plenária da Juventude Rural organizam-se em trabalhos de grupos para debater o documento base do 11º Congresso Nacional de Trabalhadores (as) (CNTTR) da CONTAG. A Plenária é coordenada pela secretaria de Jovens Trabalhadores (as) Rurais da CONTAG e Comissão Nacional de Jovens Trabalhadores (as) Rurais (CNJTTR) da CONTAG, com o objetivo de aprofundar o debate na perspectiva do Projeto Alternativo de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (PADRSS), a sucessão rural e as políticas públicas para a melhoria da qualidade de vida no meio rural, além de refletir sobre os desafios para a consolidação da participação social e sindical da juventude do campo, definindo estratégias para a consolidação de um sindicalismo forte e democrático. Na última etapa do encontro, os jovens definem as propostas e estratégias para ampliar e qualificar a participação da juventude do campo no 11º Congresso Nacional de Trabalhadores (as) Rurais (CNTTR).

FONTE: Imprensa CONTAG - Maria do Carmo de Andrade Lima