Sabemos que as mulheres são as grandes responsáveis por todas as tarefas cotidianas de cuidado com a casa e com crianças, idosos ou doentes. Esse universo de trabalho que envolve tanto as ativida-des realizadas dentro de casa, como lim-peza, preparar as refeições, como aquelas realizadas fora, como a relação com a escola das crianças, por exemplo, é chamado de trabalho doméstico.
Além de invisível, pois é considerado parte natural da vida e das obrigações das mulheres, e de só ser percebido quando não é feito, o trabalho doméstico ocupa boa parte do dia a dia das mulheres, sem remuneração. O cuidado com a casa e com a família é visto como um ato de amor da mulher, que deve realizar essas tare-fas por supostamente ter os talentos e as características necessárias para isso. Pes-quisas demonstram que as mulheres chegam a gastar 25 horas em média com o trabalho doméstico semanalmente, enquanto homens gastam 10.
Todo esse volume de trabalho, aliado às atividades profissionais, faz com que as mulheres fiquem sobrecarregadas com uma intensa jornada dentro e fora de casa. Além disso, como somos vistas prioritariamente como mães, nossos salá-rios são menores que os dos homens, mesmo ocupando cargos semelhantes ou pos-suindo mais anos de estudo. Essa visão leva em conta um modelo de família em que o homem é o único provedor, o que é ultrapassado e irreal, pois cada vez mais há famílias chefiadas por mulheres, mães solteiras etc.
As mulheres são muito mais sujeitas ao desemprego e ao trabalho precari-zado, exatamente pela necessidade de ter que se desdobrar em inúmeras tarefas, e também pelo preconceito que aponta quais são tarefas que devem ser realizadas por mulheres – sempre as menos valorizadas e pior remuneradas – e quais são ex-clusividade dos homens, a chamada divisão sexual do trabalho.
Sujeitas aos piores salários, às múltiplas jornadas e, muitas vezes, ao de-semprego e/ou ao trabalho informal, torna-se muito difícil para as mulheres alcan-çar sua autonomia econômica, ou seja, a capacidade de sustentar-se independente-mente do salários de maridos, companheiros e afins. A autonomia econômica é fun-damental para reduzir as desigualdades entre homens e mulheres e acabar com as diversas formas de submissão e violência.
A implantação de políticas públicas que dividam as responsabilidades do cui-dado com o Estado é uma forma de liberar as mulheres para que elas possam exer-cer seu direito ao trabalho e, consequentemente, lutar por sua autonomia econômi-ca. Além de restaurantes e lavanderias públicas, uma das reivindicações mais cen-trais são as creches públicas, gratuitas, integrais e de qualidade. A garantia de cre-ches públicas para todas as crianças é uma pauta importantíssima para o movimen-to feminista,considerando que a socialização do trabalho doméstico e de cuidados com os homens e com o Estado é fundamental para transformar a situação de desi-gualdade das mulheres e garantir sua autonomia econômica.
Marcha Mundial das Mulheres
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