Uma série de iniciativas expropriadoras no Nordeste está transtornando o mundo dos pequenos agricultores
Roberto Malvezzi (Gogó) |
Por Roberto Malvezzi (Gogó)
Uma série de
iniciativas expropriadoras no Nordeste está transtornando o mundo dos
pequenos agricultores. O pior do fato é que elas vêm pelas mãos de
órgãos governamentais, contrariando o discurso oficial de apoio a essa
população que vive na terra.
Um dos casos em questão
acontece no projeto Jaíba, na região do Vale do São Francisco, em Minas
Gerais. Aquele que foi criado para ser o maior projeto contínuo de
irrigação da América Latina, hoje vegeta quase morrendo. Os 100 mil
hectares preparados para serem algo fantástico, não passam de um ralo do
dinheiro público maior que o próprio rio São Francisco. Mas ali foram
assentadas algumas famílias de agricultores, correndo hoje o risco de
serem removidas de seus lugares pelas mãos da Companhia de
Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf).
O
mesmo acontece perto à foz do São Francisco, na região sergipana de
Neópolis. Ali, na década de 1970, quase um milhar de famílias receberam
lotes da Codevasf como compensação pelas perdas ocasionadas rio acima
pelas barragens. Agora, os rizicultores estão tendo seus lotes leiloados
por conta de dívidas que jamais conseguiram pagar, particularmente
aquelas contraídas junto ao Banco do Nordeste.
Finalmente,
na região do Apodi, Rio Grande do Norte, o Departamento Nacional de
Obras contra a Seca (Denocs), encaminha a expropriação de dezenas de
famílias de agricultores familiares que estão há décadas no lugar, com
suas vidas e propriedades bem estruturadas, produzindo alimentos que
abastecem toda a região. Pois bem, uma iniciativa de políticos
potiguares, aliados de Dilma, está conseguindo impor a desapropriação
dessas famílias para implantar em seu lugar a agricultura empresarial
irrigada, com finalidade de exportação.
Essa é a reforma
agrária que acontece no Nordeste, isto é, onde houver sol, água e solos
aptos, o agro e hidro negócios vão expropriar os agricultores familiares
para implantar a agricultura empresarial de exportação.
Todos esses atos vem pelas mãos de organismos subordinados ao governo federal.
Por que desapropriações de terras estão paradas para fins de reforma agrária?
Da Página do MST
O governo Dilma é o que menos desapropriou imóveis rurais para fazer reforma agrária nos últimos 20 anos.
Reportagem da Folha de S. Paulo, publicada neste domingo, revela que
na primeira metade do mandato, 86 unidades foram destinadas a
assentamentos.
O número supera só o de Fernando Collor (1990-92), que desapropriou 28 imóveis em 30 meses, comparando ao mesmo período das administrações anteriores desde o governo Sarney (1985-90).
O número supera só o de Fernando Collor (1990-92), que desapropriou 28 imóveis em 30 meses, comparando ao mesmo período das administrações anteriores desde o governo Sarney (1985-90).
"O
governo Dilma é refém dessa aliança com o agronegocio, que é o
latifundio modernizado, que se aliou com as empresas transancionais. O
governo está iludido pela proteção que a grande midia dá a essa aliança e
com os saldos na balança comercial. Mas esquece que esse modelo é
concentrador de terra e de renda, desemprega muita gente, desmata o meio
ambiente, sobrevive usando cada vez mais venenos agrícolas, que vão se
transformar em câncer", disse Alexandre Conceição, da coordenação
nacional do MST, em entrevista à Folha.
"O governo Lula e Dilma não são governos do PT nem de esquerda. São
governos de uma frente politica de classes que reúne um amplo leque de
classes sociais brasileiras. Desde a grande burguesia, o agronegócio, a
classe média, a classe trabalhadora, os camponeses e os mais pobres.
Essa natureza de composição dá estabilidade política ao governo e
amplas margens de apoio na opinião pública, mas impede reformas
estruturais, que afetariam os interesses das classes privilegiadas",
analisa Alexandre.
fonte do blog de noticias do campo
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